domingo, 27 de setembro de 2015

Eclipse.

Eclipse.
Retratado me vi em destrato
Eu comigo, nós dois
Olhos amuados
Cansados
Era a sombra que me encobria
E refleti-la
Sentir-la
Foi choque entre idéia e ser
A imagem do que sou
Em desgaste constante
Num clique
Numa selfie
Mesmo que farta
Foto feita em desfoque
Disforme
Por fim delata, relata e acusa
A lua passando por minha cabeça
E aqui dentro ebulição
Raposas de rua e seus uivos
A chuva
As nuvens
Não foi possível ver
E na maresia circular
Me vi
Desde as velhas crenças
Aos novos dramas
Me vi
Duplicado em belo e desmanche
Como se um grito constante
Me acordasse para o culto
Pra olhar ao redor
Pra ver as entranhas de meu intimo digitalizado
Fiquei chocado com o que vi
A sombra da terra na lua
Eu no escuro da lua
No entorno
Com a massa
Montanhas
Mares
Matas, lixos e medos
Eu estava ali
Refletido nela
Numa projeção para que todos pudessem ver
Quem conseguiu vislumbrar
Me viu
E dada a força que age na vida
Compartilharam de minhas dores
Quem soube se abrir
Sentiu entre veias e poros
Nervos e sangue
Tudo que nos forma
Num compartilhar único
Era apenas uma foto
Uma historia mal contada
Mais verdade que mentira
Mais vazia que existente
mais sombria que afeto
O fenômeno agiu em eco
Meus 7, 14, 21, 28, 35...
Fragmentos de pixels
O rapaz, o moço, o menino
Ambos não viram o eclipse lunar
Nesta noite esperamos juntos
Um sentado ao lado no outro
Mas o céu insistiu em se fechar
Para que eu e eles
Uns diante dos outros
Pudessem se olhar nos olhos
E renovar os votos
De amor.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O amor, a unicidade e o Cosmos.





"- Pai, hoje uma menina da escola se matou..."
A vida é um livro enorme, e mesmo que humanamente ela seja curta, é pouca mas é intensa, desde a primeira respiração até o ultimo suspiro, tudo que acontece de um ponto ao outro, é surpreendente, sendo assim, a vida é um brinde entre a transformação e o ineditismo. Eu posso até ter a mesma rotina que uma outra pessoa muito parecida comigo, mas os sentires são diferentes, meu verde pode ser mais claro, meu vermelho pode ser mais vivo, meu branco amarelado e o cinza realmente ser igual, mas nunca olharemos o mundo da mesma forma, com os mesmos gostos e cheiros.
Na verdade estamos unidos pela proximidade destes sentires, e apesar de sermos racionais, ainda somos animais, e vivemos em bandos, manadas, alcatéias, grupos, enxames e reproduzimos intuitivamente o desejo da maioria.
Não questionar é seguir o covil, o cardume, é se isentar de seu senso critico.
Somos bem mais do que pensamos e bem menos do que acreditamos ser...
O que é um nariz grande perto do universo?
Representamos em matéria as energias, o cruzamento de varias delas, somos o epicentro desta teia, somos únicos, estamos sozinhos enquanto indivíduos, em corpo e essência.
Acho que isso se chama unicidade.
Mas pode ser que seja apenas o Cosmos.
Pensando nesse livro, nas escritas passadas, nas tantas canetas e tintas, nas rasuras mal feitas, nas palavras ilegíveis, quem é que pode julgar, de forma justa e humana, o sentir de quem quer que seja, pra alem de seu próprio sentir?
Debaixo de meu bairro, cheio de casas e prédios, urbanizado e pavimentado, localizado próximo ao pulmão da selva de concreto e aço, passa um rio.
Existe um Rio que passa sem ver o sol, sem fazer muito barulho, mas é só chover que ele transborda..
Somos instinto e condicionamento,
Lutamos por sobrevivência gerando mortes,
Lutamos por liberdade aceitando aprisionar,
Brigamos por amor agindo com desamor.
Somos eterna contradição e não sabemos lidar com o contraditório.
Sim, é complexo se encontrar no mundo,
Se encontrar e se desconstruir,
Se desconstruir e se reerguer,
Se reciclar e ir se lapidando rumo a uma nova criação.
Se soltar da forma que nos molda, das normatividades impostas como verdades incontestáveis, é necessario para nossa evolução.
Dói para transgredir, deixa o corpo dolorido de tanto tentar escapar do molde estabelecido, posto muito antes da gente nascer.
Fazer com que uma ideologia sobreviva pra além daquilo que a sociedade tem como aceitável, me faz lembrar a rotina de vida de meu primo Edson Lopes, um atleta fitness, que passa a maior parte de sua vida se reeducando fisicamente, submetendo seus músculos ao desgaste em busca de resultados, todos os dias se exercita, controla sua alimentação, se dispõe a abrir mão de alguns prazeres rasos em prol de definição muscular e saúde.
As vezes escrevemos somente aquilo que queremos ler e por fim só lemos o que de fato importa para nós, mesmo que seja preciso mudar o sentido das palavras a nosso favor, feito aquele regime que sempre começa e termina numa mesma segunda-feira.
Por exemplo, se eu acredito que liberdade é uma coisa boa e válida, me conectar a pensamentos e ações libertárias é o primeiro passo para começar a esculpir esse novo corpo de idéias e novas percepções, dai pra frente precisamos ir disciplinando e reprogramando nosso ser, assim feito meu primo atleta em busca de superação.
Se eu entendi que não reciclar lixo ferra o mundo, e eu gosto do mundo, obviamente reciclo por mim e pelo todo.
Se eu entendo que o machismo ferra a mulher, que é um ser humano, me acreditando ser humanitário, sem duvidas alguma, por lógica, vou buscar remar contra os comportamentos que me tornam um machista.
Se a água de minha cidade esta acabando, e eu compreendo o quanto ela é vital, tudo que não vou fazer é varrer a calçada com a mangueira ligada.
Todos nós buscamos, com unhas e dentes, por amor, e isso significa ter voz, ter colo, respeito, carinho, reconhecimento, conforto, ter os direitos assegurados, viver dignamente, liberdade para escolher o caminho que melhor lhe couber.
A impressão que tenho, é que temos esse nosso Livro intimo e intransferível, porem, assim que nascemos, colocam por cima dele um outro, onde ao invés de escrevemos folha a folha, seguimos apenas a completar frases já estipuladas, feito aqueles jogos de palavras, daquelas revistas de caça palavras da coleção Coquetel.
Precisamos deixar de fazer corpo mole e deixar de ter medo do efeito do ácido láctico, que é aquela dor que azucrina o corpo depois dos primeiros dias de retorno para academia, e que faz muitos desistirem de continuar se esforçando.
No Pain, no Gain!
(Sem dor, sem ganho)
O quanto estamos dispostos a sermos seres humanos melhores?
O quanto estamos dispostos a lutar por uma sociedade igualitária?
O quanto estamos dispostos a enxergar pra além de nossa raiva, angustias, insatisfações e dramas?
O quão importante é para nós, um mundo melhor?
O que é ter um mundo melhor?
As paginas estão sendo viradas, mas quais paginas? As de nosso livro, ou a do que colocaram por cima, a mudar nosso foco?

E por fim, buscando ou não por isso, vamos sempre brigar por um amor, que não é nem meu, nem o seu, um amor construído para nos separar, doente de julgamentos, de amarras, de cascas e cascas de cimento e lagrima, um amor que pesa, que machuca, que cega e encarcera.

Um amor que mata
A vida
Os sonhos
Os afetos
E o proprio amor
Como pode?

Ps: - Pai, hoje uma menina da escola se enforcou, falaram que é por que a mãe dela proibia ela de ver o namorado, ela tinha 17 anos.

Jairo Pereira.

Bom Dia!




Bom dia!
É som de janela se abrindo
De vento alisando a cara
E solto no infinito
Pra que levar marra na mala?

Na sala livros baldios
O olhar é aquele de antes
Tem horas que o cinza é bonito
Enfeitam os dias pensantes 
Chorar, seja dor, alegria
É água nessa terra escura
Que rega a pele, a alma
Que molha a livrar da secura
Que dura se briga ca sorte
É corte, até mesmo carinho
Deve ser só uma onda forte
Ou mero momento de brilho
Os trilhos que traçam caminhos
As mãos do aceno que partem
Escolhas que fazem destinos
As mais lindas obras de arte
É esse sol que não para
É chama que ferve minha vida
Surpresas, amores, combates
Não vou reclamar de minha sina
Pois ela, sou eu quem lapido 
Esmero, força e poesia
E estes meus erros sinceros
Confesso, me geram agonias
Mas sigo, se caio levanto
Tropeço, corro, caminho
Meus punhos, flechas e canto
Eternos momentos de brilho
O som de janela aberta
De passarinho danado
Rodopiando em festa
Musica, pios e bailado
Sou eu aqui deste lado
Diante do clima que inspira
Respiro fundo e tranquilo
Buscar por amor é minha pira
Eu gosto rimar a vida.



Por essas e por outras

Bom dia!

Jairo Pereira.